Os posts estão em ordem cronológica inversa

Todo mundo sabe que só em blogs os últimos serão os primeiros!

 

Bedouin na revista Náutica

 

Escrevi um longo artigo para a revista Náutica, que foi publicado na edição de fevereiro (a que está nas bancas). Postar a matéria inteira aqui seria descortês (e, provavelmente, ilegal), mas quem tiver interesse está convidado a comprar a revista.

Um ano de aventuras!

 

Estou escrevendo o que pretende ser um livro, narrando um ano de aventuras do Bedouin e sua exígua tripulação. Se você quiser ser avisado quando o livro for concluído (e, talvez até, conseguir condições especiais na aquisição),  deixe uma mensagem aqui ou no Livro de Hóspedes. Qualquer mensagem vale. Só eu saberei o seu email (que não aparece no site). 

 

Obrigado a todos os meus leitores!

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Comments

  • Claudia Cappelli (Sunday, January 20 13 01:47 pm EST)

    Eu quero muito!!!

  • ISABEL LOPES (Wednesday, January 30 13 08:57 am EST)

    Parabéns !
    Poucos conseguem realizar um sonho como este!

    Estou "curtindo" suas aventuras!

    Abraço

    Abs,

  • Jose Fernando da Fonseca (Monday, February 18 13 01:03 pm EST)

    Tudo bem Alexandre,
    Estou me preparando para até 2020 no mais tardar soltar as amarras. Assim que o livro sair me avise,

    Abraço
    Fernando

  • Vinicius Moriconi Pacheco (Thursday, February 21 13 12:17 pm EST)

    Parabéns!
    Pelo sonho.
    Pela prática.
    Pela audácia.
    Pela vida.
    Será um belo livro. O enredo é ótimo.

  • Renato Boechat (Saturday, February 23 13 02:50 pm EST)

    Alexandre, tenha a certeza de que no imaginário e sentimento de cada um que acompanha seus relatos, estaremos juntos com você. Só por isso a vida, movida por sua coragem, já valeu MUITO a pena.
    Parabens Capitão.

  • luis (Sunday, February 24 13 09:32 am EST)

    eu quero

  • Fabio Amaro (Sunday, March 03 13 06:32 pm EST)

    Olá Alexandre show de viagem, realmente atitudes iguais a sua realmente são sonhos que todos deveriam realizar, será um belo livro e estaremos acompanhando sua jornada, parabéns CAPITÃO!! Desejo toda
    sorte para vc, tenho barco também sei o que é ser apaixonado pelo mar.

  • Daniela (Monday, March 04 13 12:49 pm EST)

    Mano, quero muito ler o seu livro!!!
    Pode separar um para mim assim que estiver pronto!
    Tenho certeza que o papai ficaria orgulhoso de você, assim como eu estou!
    Parabéns pelas conquistas e pela iniciativa!

    Beijos.

  • Luiz (Wednesday, March 06 13 01:21 pm EST)

    Alexandre
    Acabo de ler sua matéria na náutica
    Parabéns! Me informe quando o livro estiver pronto!
    Navego pelo litoral de São Paulo e estou morrendo de inveja, positiva é claro!!!
    Abraços Luiz

  • Mauriane Conte (Wednesday, March 13 13 07:01 pm EDT)

    Parabens Alexandre
    Começamos a viver nosso maravilhoso sonho agora.
    Assim que seu livro sair nao deixe de nos avisar.
    Abraços

    Mauriane e Luiz
    viveravela.blogspot.com

  • Marcelo (Thursday, March 14 13 02:56 pm EDT)

    Vou aguardar o livro

  • Nilton (Thursday, March 14 13 05:14 pm EDT)

    Aêêê Primo, legal ter suas aventuras publicadas!
    Se cuida, beijão,
    Nilton

  • Ana maria braga (Friday, March 15 13 04:33 pm EDT)

    Que delicia de coragem. Quero te convidar para uma entrevista comigo . Pode ser quando voltar ao Rio, ou passar por aqui, ou o que gostaria mesmo : providenciar um link de onde for.
    Para isso teria que falar com vc por email ou telefone .

    Obrigado
    Ana Maria Braga.
    TV Globo programa Mais Você

  • Norton Figueiredo (Thursday, July 03 14 01:27 am EDT)

    E ai, Alexandre..
    por onde andas e o que fazes ?

    Saiu o livro ? se sim, tenho interesse.

    abraço,
    Norton

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De volta a Ítaca


No poema Odisséia, Homero conta a estória de Ulisses, um nobre grego, senhor da ilha de Ítaca, onde vivia feliz com sua mulher Penélope e seu filho Telêmaco. A Grécia declara guerra a Tróia (aquela guerra famosa, do cavalo de Tróia, descrita na Ilíada, de Homero, e no filme que tem o Brad Pit no papel de Aquiles). A guerra de Tróia termina do jeito que sabemos, Ulisses junta seus homes e prepara seu barco para a partida. E neste ponto inicia a narrativa da Odisséia.


Ulisses demora anos para voltar para casa. Passa dissabores inacreditáveis. Cai prisioneiro do Ciclope, gigante com um só olho, a quem ele engana disfarçando-se de carneiro. É retardado pela feiticeira Circe, que transforma sua tripulação em porcos. Ouve o canto traiçoeiro das sereias, amarrado ao mastro do seu navio, e escapa, assim, de jogá-lo contra as pedras, destino de todos os outros marinheiros enfeitiçados pela voz destas belíssimas criaturas.


Mas, em meio a todos esses dissabores, Ulisses também tem momentos de felicidade. Afinal, a aventura é feita de venturas e desventuras, não? Nos momentos de ventura, Ulisses é recebido por reis e senhores que lhe tratam bem e lhe dão todos os prazeres que um grego da antiguidade clássica conhecia (época de baixa tecnologia...): um banho de água quente, barbear-se e cortar o cabelo, perfumar-se com óleos aromáticos, uma  boa refeição (pão, azeite, vinho, talvez um quarto de carneiro). Como era fácil ser feliz...


E, após anos de dissabores e momentos de ventura, Ulisses chega de volta à Itaca. Ele ainda sofre para livrar-se dos pretendentes que cortejavam sua mulher (naquele momento, considerada viúva – ninguém acreditava que Ulisses ainda estaria vivo, tantos anos depois do fim da guerra).  Mas retoma seu lugar, ajudado por um velho criado que o reconhece, mesmo tanto tempo depois, e por seu filho Telêmaco, a essa altura um homem adulto. E volta a viver feliz ao lado de Penélope.


A Odisséia é a narrativa dos dissabores e alegrias de Ulisses na volta para casa. Mas, o que seria da estória se não houvesse Ítaca e Penélope para dar um fim à aventura de Ulisses? Toda a Odisséia é apenas a estória da volta de Ulisses a Itaca. Nada faria sentido se nosso herói não terminasse assim.

 

Depois de meses (não anos!) de solidão, percorrendo ilhas e mares que me eram estranhos, a saudade de Penélope é insuportável para mim. A vida de aventuras é uma delícia, mas como é bom dormir e acordar ao lado da mulher amada!


Assim como Ulisses, deixarei a vida nos mares, por algum tempo. O Bedouin está numa marina em St Thomas, e eu, de volta a São Paulo. Kátia, minha Penélope, continua maravilhosa.

 

Ítaca, como é bom estar de volta!


(São Paulo, 14/01/2013)

 

Que diferença!


Quando cheguei em St Thomas, em plena temporada de furacões, o cais da Yacht Haven Grande, a marina de super-iates, em frente a qual ancorei, estava vazia. Agora, alguns veleiros enormes,  lanchas maravilhosas e três iates absolutamente imensos dividem o cais. A foto deste post é de um destes super-iates. Só como referência, fiz um risco vermelho (à esquerda da foto), que marca a altura de uma pessoa . Na verdade, se olharem com uma lupa, verão que, à direita do meu risco vermelho, existe uma pessoa de verdade.

 

(St Thomas, dezembro de 2012 – escrito em São Paulo em janeiro de 2013)

Proibido Estacionar


Altíssima temporada. St Thomas está cheia de navios de cruzeiro. O cais de Havensight, em frente à minha ancoragem está ocupado por três deles. O último a chegar teve de ancorar na baía e desembarcar os passageiros por um barco menor.

Resolvi sair hoje para a costa leste de St Thomas. O Bedouin estava ancorado no mesmo lugar desde outubro. A corrente da âncora subiu cheia de cracas e algas! Gastei uns bons quinze minutos para desancorar, porque a vida marinha incrustada na minha corrente de âncora travava o guincho. Com a âncora, finalmente, travada no púlpito de proa, acelerei o motor e rumei para fora da baía. Estava no meio do canal de saída quando percebi que o motor estava aquecendo demais. Fiz meia volta. A intenção era voltar à ancoragem para ter a chance de dar uma olhada no motor. Antes mesmo que eu chegasse lá, o alarme de “alta temperatura” já estava apitando no cockpit. Para evitar danos maiores, desliguei o motor. Estava exatamente na frente do Norwegian Jewel, o navio de cruzeiro ancorado na baía. Cerca de cem metros me separavam da proa do navio. O vento e a corrente me levariam para ele, se eu ficasse a deriva. Larguei a âncora. 

Desci e abri a “porta” que dá acesso ao motor. Esperei que ele esfriasse um pouco e comecei a desmontar o sistema de refrigeração, procurando a origem do problema. O primeiro suspeito, para qualquer um que conheça um pouco de motor a diesel, seria o impeler, uma peça da bomba de água salgada que refrigera um circuito fechado de água doce (como em um carro) que, por sua vez, refrigera o motor.  O impeler estava inteiro e a água salgada estava entrando e saindo da bomba.  Em outros tempos (fiz isso em Luperon), eu teria desmontado todo o sistema de refrigeração. Podia durar horas. Mas eu estava com fome. Se ficasse no barco, precisaria fazer comida. Tinha passado uma temporada no Brasil, o que me deixou meio preguiçoso. Resolvi pagar para resolverem o problema por mim. Baixei o dingue (que eu tinha suspendido no suporte, quando resolvi navegar para leste), prendi o motor de popa e fui para a marina.  Pedi indicações de mecânico diesel no escritório da marina. Enquanto almoçava, liguei para todos os números que tinha conseguido e vários outros que consegui nestas ligações. Sem sucesso. Véspera de Natal. Todos muito ocupados. Ninguém podia me atender. Terminei de almoçar e voltei para o Bedouin. A âncora não tinha unhado bem (o segredo da “unhada” é engatar uma ré e puxar a âncora para trás, o que era impossível sem motor) e o barco tinha corrido para trás. Estava a menos de cinquenta metros da proa do Norwegian Jewel. Desci e voltei a trabalhar no motor. Depois de algum tempo “mergulhado” no motor, sem sucesso, subi para me refrescar. Estava a uns trinta metros do navio. Pensei: antes de qualquer coisa, vou registrar este momento.  Tirei duas fotos (uma delas ilustra este post).  Ligar o motor era impossível: com o sistema de refrigeração desmontado, como estava, ele superaqueceria antes mesmo de eu conseguir me afastar do navio.  Sair na vela, também não dava. Entre recolher a âncora e içar a mestra, a corrente já teria me jogado contra a proa do Norwegian Jewel. Pensei em largar uma segunda âncora para travar meu movimento para trás e comprar algum tempo, mas não consegui executar meu plano.  O barco a motor do prático do porto parou do meu lado. Só duas pessoas a bordo (algum deles é o prático?). O negro sobre o convés grita para mim: “Você não pode ancorar aqui”. Respondo: “Não ancorei aqui de propósito, meu motor não estava funcionando”.  Ele: “Você tem de sair daqui”. Eu: “Gostaria muito, mas o motor não liga”.  Ele: “Mas você não poderia ter ancorado aqui”. Eu: “Larguei a âncora, porque, se não o tivesse feito, teria sido empurrado pelo vento e bateria no navio”.  Ele: “Você tem de sair daqui agora. O navio vai levantar âncora”.  Eu: “Adoraria poder. Sem motor, não consigo sair do lugar. Não dá para subir a vela porque eu vou bater no navio”.  Sei que a descrição deste diálogo parece um desentendimento na fila da loteria. Não foi nada disso. O sujeito gritava do barco dele e eu respondia gritando, cada vez mais nervoso com a total falta de compreensão da situação em que estava. Ele gritou de lá: “Você tem de sair daqui agora!”. Respondi: “Não consigo.  Você consegue me rebocar?”. O sujeito que discutia comigo e o piloto do barco dele discutiram uns  segundos e ele voltou a gritar comigo: “Posso chamar um reboque pago. Você paga. Ou posso chamar a polícia. O que vai ser?”. Apesar a grosseria da proposta, respondi: “A polícia não vai me tirar daqui. Chama o reboque.” Minutos depois o reboque chegou e me levou para dentro da baía, onde larguei âncora. Não é só no Brasil que a autoridade é, às vezes, completamente irracional . Mas, aqui ou em qualquer porto, quando a autoridade irracional faz qualquer proposta minimamente racional, melhor aceitar.

 

(São Paulo, 3/1/2012, relembrando evento de 19/12/2012)

Fotos de St John

 

Fiz uma excursão a St John, minha segunda Virgem Americana. Peguei um "ônibus" para Cinamom Bay, a cerca de cinco milhas (oito quilômetros) da ancoragem em Cruz Bay. De lá, fiz uma caminhada de volta, pelo acostamento de uma estradinha asfaltada que segue, sinuosamente, o litoral. St John é uma ilha onde as elevações chegam quase à praia. A estrada sobe e desce o tempo todo, revelando lindas paisagens.

 

As fotos estão aqui.

 

(São Paulo, 28/12/2012)

Um domingo muito agradável, como todos deveriam ser

 

Tive, ontem, um dia muito gostoso. Contei, aqui, que umas pessoas que conheci por email, graças a este blog, estavam na ilha. Pois ontem os conheci pessoalmente. Roberto, que primeiro fez contato comigo, está em Miami, mas sua mulher Aracelis, seu irmão Paulo e sua cunhada Eliane estão na ilha. Os quatro vieram de Miami num bonito veleiro de 46 pés, seguindo mais ou menos o mesmo percurso que eu fiz, mas em menos tempo e com menos incidentes complicados (sorte deles!).

 

Paulo encostou com seu dingue no Bedouin de manhã, enquanto Eliane e Aracelis estavam na igreja. Elas queriam ir à missa e encontraram não apenas uma igreja católica (não é tão trivial assim, em território americano) como também uma missa celebrada por um bispo! Depois de um papo no cockpit do Bedouin, eu e Paulo encontramos as duas no cais da cidade. Uma rápida passada no barco deles (as moças tinham de tirar a “roupa de missa”) e fomos almoçar na cidade. Comi um zarzuela de frutos do mar deliciosa na excelente companhia dos meus novos amigos. Não podia ser melhor!

 

Paulo e Eliane moram em São Paulo e vão voltar para lá depois do Natal. Espero que um dia a gente ainda tome uma cerveja em Parati, onde eles também têm um barco. Dessa vez, ele e ela, eu e Kátia. Complicado? Tá bom... Pode ser em São Paulo, mesmo.

 

Roberto e Aracelis ainda passam uma breve temporada em Miami, mas deixam o barco aqui e logo estarão velejando de novo pelo Caribe. Toda a sorte do mundo para eles, e que o Bossa Nova só conheça belas ancoragens!

 

(St. Thomas, 17/12/2012)

Não há nada que se lhe assemelhe

 

Esta é uma vida estranha. Sem semelhança com nada da vida da cidade.

 

Ouço música no cockpit. No escuro (a luz em volta é a da lua) só de cueca e sem camisa, fones Bose no ouvido ligados no Ipad. Tenho vontade de fazer xixi. Para que descer? Me seguro num estai, projetando o corpo para fora do Bedouin e só os peixiinhos saberão da minha incontinência. A lua brilha sobre o mar de Charlotte Amalie. Diz aí:

Quem tem um banheiro mais bonito que o meu?

 

(St. Thomas, 15/12/2012)

Como diria o Capital Inicial

 

Hoje troquei o motor do guincho de âncora. Aparentemente, está funcionando bem. Até outro dia, o máximo que eu poderia dizer é: "hoje troquei a carrapeta da torneira da pia da cozinha". 

 

Enquanto escrevo, tomo uma cerveja e como um nacho com molho de tomate no cockpit do Bedouin. Filo o wifi da marina graças à antena e ao amplificador de sinal que comprei e instalei, eu mesmo, em Miami. A brisa é gostosa e dá para ouvir, ao longe, a música na noite de St. Thomas.

 

Tudo é bom, mas a saudade da minha mulher tira o brilho de tudo. Lembro do Dinho Ouro Preto cantando: "Onde quer que eu vá. O que quer que eu faça. Sem você não tem graça".

 

(noite com saudade em St. Thomas, 15/12/2012)

Comments

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  • roberto (Monday, December 17 12 07:20 pm EST)

    Oi Alexandre, a Aracelis disse que vc vai mover o barco para uma marina amanha> Qual? Quero encontra-lo.Estarei ai amanha a tarde Li emocionado o seu relato do domingo que perdi ai com vcs.
    Abracos Roberto

Perdi a mão


Decididamente, perdi a mão. Não sei mais viver em barco. Só hoje, já fiquei cheio de hematomas. A cada balanço do barco, bato em algum lugar. Isso acontecia com frequência logo que me mudei para o Bedouin,mas eu tinha aprendido a evitar os choques... Mas tem coisa pior... Acordei nu no cockpit às primeiras luzes do dia. Achei a chave, abri o barco e fui terminar de dormir na minha cama. Mas não consegui dormir muito.Queria lavar roupa (a que ficou aqui está com cheiro de mofo) e tentar resolver a questão da falta de celular e notebook, mas nada abre antes das nove. As oito e meia, comi sucrilhos com leite, me vesti, fechei o barco edesci para o dingue. Desamarrei o cabinho que prende o dingue ao Bedouin, dei partida no motor e saí. Me lembrei, então  que eu tinha notado, ontem, que a gasolina do motor de popa estava baixa. Voltei para o barco. Encostei ao lado e, ao invés deamarrar o cabo do dingue num moitão do convés, como sempre faço, usei um ganchinho que o cabo tem, e que torna bem mais rápida a atracação. O problema é que o cabo tem uma ponta solta, depois do gancho e é fácil prender o lado errado do cabo,por engano. Para evitar isso, eu praticamente NUNCA uso o ganchinho. Mas abri uma exceção hoje. Subi de volta ao Bedouin para pegar a gasolina. Abri o compartimento onde guardo os tanques pequenos de gasolina, tirei um de lá de dentro, fechei de novo acaixa e voltei para o dingue que.... não estava mais lá! Devo ter prendido errado o ganchinho do cabo, porque o dingue já estava a uns quinze metros, e sendo levado pela corrente. Até que eu abrisse a gaiuta e descesse para pegar uma sunga, ele já estaria longe.Só tirei a roupa e cai n'água de cueca mesmo. Ainda bem que meus vizinhos de ancoragem estavam todos dormindo. Bom, tive de abrir o barco de novo e descer para tomar um banho. 

 

Como é que umas semanas de ausência me fizeram tão incompetente????


(St. Thomas, 14/12/2012)

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Não para por aí.                       (continuação do post abaixo)

 

Estou encharcado, de volta ao Bedouin, no escuro e... cadê a chave para abrir o barco? Tinha caído do meu bolso, na água. O chaveiro flutua, devia estar boiando não muito longe, mas a noite estava escura. Tenho um monte de lanternas no barco, mas como pegá-las sem a chave? Eu costumo manter uma cópia guardada no fundo de um copinho no cockpit, mas eu a tirei de lá antes de ir para São Paulo. Com o barco visivelmente sem ninguém por dias a fio, um ladrão (sim, eles existem, mesmo no paraíso) poderia subir a bordo para procurar alguma coisa de valor, encontrar a chave e, aí sim, muitas coisas de valor. De que adiantaria trancar tudo dentro do barco, como fiz (instrumentos, cabos, bicicletas, motor de popa do dingue, equipamento de mergulho) e deixar a chave para o ladrão? Lembro que pensei em escondê-la melhor, em outro lugar, mas sempre achava que o ladrão a encontraria. Onde eu a tinha colocado? Não adiantava. Eu não lembrava.

 

Tirei a roupa molhada e me deitei no colchonete do cockpit, coberto por uma toalha de banho que, por sorte, tinha ficado secando do lado de fora. Acordei quando amanheceu e lembrei onde tinha colocado a chave reserva. Procurei no fundo da mochila e lá estava ela.

 

Tinha de acontecer um dia. Mas precisava ser à noite, com a mochila nas costas e com a chave reserva fora do seu lugar?

 

(St. Thomas, 14/12/2012)

Tchibum!

 

Tinha de acontecer um dia. Entrei e saí do Bedouin pelo menos quatrocentas vezes este ano. Quase sempre usando o dingue. Tenho uma escada na popa mas o painel solar atrapalha um pouco a passagem. Em geral, encosto o dingue a boreste do Bedouin, seguro um dos estais (os cabos de aço que vão da ponta do mastro aos bordos do barco), subo no banquinho do dingue, ponho o pé direito no convés do veleiro, tomo impulso e subo. O problema é que esta temporada no Brasil me enferrujou. Estou estranhando até o balanço do barco. Como ouvi de uma cruzeirista americana, "it takes a couple of days before you get your sealeg back".

 

Voltava do Hooters ontem à noite. Encostei o dingue a boreste, segurei o estai, coloquei o pé direito no Bedouin e... uma marola afastou o dingue, eu me desequilibrei, meu pé escorregou e tchibum! Fui parar dentro d'água com mochila e tudo. Lá se foram celular, notebook, livro e uma câmera digital pequena, todos inutilizados. Quando eu já estava na água é que me lembrei que eu sempre passo a mochila para o convés do Bedouin quando ainda estou no dingue, antes de subir  a bordo.

 

(St. Thomas, 14/12/2012)



Bedouin, dois meses depois

 

Caminhei até Yacht Haven Grande, aquela super marina em frente à qual ancorei. A ancoragem está muito mais cheia que antes. Lógico, né? Cheguei aqui na hurricane season, a temporada dos furacões. Agora não há motivos para se preocupar por eles pelos próximos seis meses. Os barcos voltaram. Também a marina tem novos (e enormes, e luxuosíssimos) iates como hóspedes.

 

Parei no Bad Ass Coffee para um chá gelado e, adivinharam, um wifi grátis! Nada de novo. Como nem meus amigos brasileiros, nem Mark, do Peaceful Lady, meu vizinho de ancoragem que me levou do Bedouin até a marina na minha partida deram sinais de vida, vou ter de arranjar uma carona até o meu barco. Breve explicação para os que, como eu um ano atrás, nunca viveram esta vida: a não ser que você pare o seu barco encostado ao cais de uma marina, o que sai muito caro para quem decide viver viajando de veleiro sem trabalhar, sua casa está ligada ao mundo por um dingue: um "barco de desembarque". Tipicamente, é um inflável com um motor de popa, mas também pode ser um barco de fundo rígido (de fibra ou metal) à remo ou qualquer uma das combinações destas duas variáveis (do the math, nem é preciso lembrar da fórmula de combinação em Análise Combinatória). Não dava para abandonar meu dingue no cais de Yacht Haven Grande, a marina de super iates em frente à qual estou ancorado por qualquer coisa entre duas semanas e dois meses (até porque, a vida mostrou que esta última hipótese era uma estimativa mais realista). Sendo assim, antes de partir, "doei" a comida da minha geladeira a Mark, dono do Peaceful Lady, meu vizinho de ancoragem, e pedi uma carona de dingue até a marina. Ele agradeceu, me levou e me deu um papelzinho com seu telefone e email para que eu avisasse quando estaria de volta, para que ele me buscasse na marina.

 

Nada funcionou. Tive de esperar no dinghy dock, o cais dos dingues, até que alguém saísse. Pedi uma carona até meu barco. Meu novo amigo me levou lá com a maior boa vontade. Eu, mochila e caixa do motor, subimos no Bedouin, de um inflável apenas enconstado à estibordo. O barco parecia em bom estado. Tirei a chave da mochila, abri o cadeado que dá acesso à gaiúta (a porta de acesso a um veleiro, chamada de companionway, em inglês). O cadeado abriu (nos meus pesadelos, nada funcionava). Abri a gaiúta e um cheiro ruim saíu do barco. Antes mesmo de descer, tirei a chave do cadeado da gaiuta. Deste mesmo chaveiro (flutuante, como descobri ser essencial para qualquer chaveiro de barco), escolhi uma chavezinha menor. Enfiei esta chave na ignição e dei partida no Bedouin. O motor pegou de primeira (de novo, nos meus pesadelos o motor não ligava). Não vou encher vocês com a descrição dos meus trabalhos iniciais. Basta dizer que o cheiro ruim era de coisas que estragaram enquanto estive fora. E que outras coisas enferrujaram na minha ausência. Resumindo: vou ter um bocado de trabalho amanhã colocando o Bedouin em ordem. Trabalhei muito por umas duas horas (não lembrava como a vida num veleiro era exigente!), tomei um banho e peguei meu dingue (já na água, com o motor de popa no lugar e funcionando - parte da exigência da vida a bordo!). Cruzei a baía e fui até o Hooters, filar um outro wifi e atualizar meu site. Não fosse por este estabelecimento vocês não leriam este post. Será que o dono sabe que, apesar de todo o seu esforço na seleção das garçonetes, o que me faz decidir pelo seu estabelecimento é o fato de que, depois das cinco da tarde (quando o Bad Ass fecha), o único lugar com wifi grátis é o Hooters?

 

 

Charlotte Amalie, estou aqui!

 

Saltei do "ônibus" no centro de Charlotte Amalie. Comi um bife de verdade no Green House, porque eu sabia que seria minha única refeição em um longuíssimo dia (por causa da viagem e da diferença de fuso horário). Aproveitei o wifi grátis e dei uma olhada nos emails. Esta viagem me fez prestar atenção aos sinais e escolher os lugares onde eu comia qualquer coisa baseado no acesso à web. Dá pra contar nos dedos (periga não ter sido nenhum!) os lugares onde eu fiz uma refeição de verdade e que não ofereciam acesso grátis à internet.

 

Escrever este blog me deu acesso a pessoas que não conheço. Uma destas é um brasileiro de Miami que tem um veleiro e, na primeira vez que entrou em contato comigo, pretendia sair em viagem pelo Caribe. Voltei ao Brasil pouco antes da data marcada para o início da viagem dele (ajuizadamente em novembro, depois da temporada de furacões). Meio que combinamos de nos encontrar em Miami na minha volta, mas estiquei tanto minha estadia no Brasil que isso não foi possível. Pois bem, sentei no Green House, abri meu email e vi uma mensagem dele, datada de hoje: "Estou em St. Thomas. Você ainda está por aqui?". Dez! Incrível que ainda tenhamos a oportunidade de nos encontrar por aqui!

 

(St. Thomas, 13/12/2012)

 

Back in USVI

 

Para os muito jovens e os que não gostam tanto de música pop: o título do post parodia uma canção dos Beatles (Back in USSR). Mais uma breve digressão: Não! Também não sou "da época" dos Beatles. A canção foi gravada (minha fonte é o www.beatlesbible.com - a wikipedia confirma) em agosto de 1968. Eu tinha só cinco anos e não era ainda tão antenado. A canção que eu conhecia bem, então, era "Tá na hora de dormir, não espere mamãe mandar. Um bom sono pra você e um alegre despertar" de uma propaganda de TV. Mas, como dizia meu pai: "Eu também não vi quando o Brasil foi descoberto, mas sei que foi Cabral".

 

Voltando ao ponto: aterrissei no aeroporto Ciryl E. King, em Charlotte Amalie, St. Thomas, USVI, às 14:00 (hora local) de hoje, 13 de dezembro do ano da graça de 2012. Oficialmente (mesmo para os maias), o mundo continua existindo. Saí de São Paulo cerca de quatorze horas atrás. Apesar do calor, resolvi sair andando do aeroporto. Carregava apenas uma mochila, não tão pesada (notebook e carregador, câmera fotográfica, uma muda de roupa, um livro e documentos). Como a maior parte das minhas coisas continua no Bedouin, ancorado aqui, viajei para o Brasil só com bagagem de mão.

 

Ainda quando estava aqui, encomendei um novo motor para o meu guincho de âncora. O motor veio da Inglaterra. Mandei entregar numa oficina de barcos daqui (Island Rigging), cujo proprietário, depois de me ajudar a encontrar um peça substituta para o meu motor com problema, prontificou-se a receber o motor por mim (como não estou numa marina - apenas ancorei na baía - não tenho endereço de entrega). Jay (este é seu nome) junta-se assim a Bob da South Side Marina em Provo, Turks and Caicos, homenageado no post "Os Trabalhadores do Mar" de 19/06/12. Os Trabalhadores do Mar (lá vou eu explicar outra citação) é um romance de Victor Hugo que eu li na adolescência. Batizei assim um post em que torno pública minha gratidão a Bob e todos os outros profissionais apaixonados pelo mar e que dele vivem (assim como Jay, que eu nem conhecia ainda).

Saí caminhando do aeroporto, revendo a ancoragem que fica logo ao lado (hoje com muito mais veleiros do que quando deixei a ilha). Deve ser duro ancorar tão perto do aeroporto e ter de ouvir os aviões pousando e decolando. De lá até à Island Rigging são uns dois ou três quilômetros. No meio do caminho, desabou uma chuvarada. Eu caminhava na beira de uma estrada sem acostamento. Nada a fazer, a não ser curtir o refresco depois de tanto calor e me preocupar com o notebook dentro da mochila. Felizmente, a preocupação foi infundada. A chuva durou só cinco minutos e o notebook nada sofreu.

Quando cheguei na Island Rigging, Jay atendia um cliente. Ele me reconheceu, pediu licença ao cliente e foi buscar uma caixa de uns dez por dez por vinte e cinco centímetros. Meu motor. Mais uma vez, agradeci enfaticamente sua gentileza e saí de lá carregando a mochila e a caixa do motor. Daí pra frente, fui caminhando de olho na estrada, para ver se conseguia pegar um "ônibus". Já contei que o transporte público de St. Thomas são umas caminhonetes (que eles chamam de bus), cuja caçamba foi substituída por quatro ou cinco fileiras de bancos. Paguei um dólar até o centro de Charlotte Amalie. É, amigos... Back in USVI!

(St. Thomas, USVI, 13/12/2012)

Meus cinco segundos de fama

 

Andy Warhol enganou-se a meu respeito, ou me roubaram quatorze minutos e cinquenta e cinco segundos de fama.

 

Mas meus cinco segundos foram uma delícia!

 

Estou de pé, assistindo ao show, aqui na marina. A cantora desce do palco e caminha entre a platéia, cantando no microfone sem fio. Aproxima-se lentamente de mim e eu tenho uma iluminação divina: num estalo, eu sei o que ela vai fazer. Ela chega mais perto, ainda cantando "Ooo, Baby, Baby" (Smokey Robinson and The Miracles - link para o Youtube aqui). Pára na minha frente, bem no refrão, e canta: "Ahhhh! Ouuuuuu" e coloca o microfone em frente à minha boca. E eu, que já tinha pressentido as más intenções da moça, caprichei na afinação e emendei, o mais grave. longo e melodioso que eu consigo: "Baby, baby". Para minha surpresa, gostei do que ouvi nos alto-falantes. Melhor foi a sequência: ela fez cara de prazer e gemeu no microfone: "Uhhhh! I got a good one!".

 

Tá bom, homens de pouca fé! Admito que ela teria falado a mesma coisa qualquer que fosse o resultado. Mas o fato é que ela tentou de novo com três ou quatro caras e a modéstia não me impede de dizer: com resultados muito inferiores!

 

O fato é que eu fui o melhor "Baby, baby..." de Yacht Haven Grande, Charlotte Amalie, St. Thomas, Ilhas Virgens Americanas daqueles minutos. E não me peçam para localizar mais, senão eu serei o melhor do meu metro quadrado.

 

(metro quadrado imediatamante adjacente ao canto noroeste da tenda do iluminador - em frente à loja de biquinis - Yacht Haven Grande, Charlotte Amalie, St. Thomas, Ilhas Virgens Americanas, Estados Unidos, Planeta Terra, Sistema Solar, Via Láctea, 15/09/2012 - Pô, nesse lugar e tempo, eu sou o melhor!)

 

Onde você estava em 11 de setembro de 2001?

 

Eu estava morando em Cingapura. A primeira vez que vi a imagem do avião se chocando contra a primeira torre (que ainda não tinha caído), foi na TV de uma estação do MRT (Mass Rapid Transit, o metrô de Cingapura). Era noite, lá, e eu estava voltado do INSEAD para casa. Portanto a primeira (e segunda, e terceira, e quarta) vezes que eu vi esta cena foram em televisões sem som - no metrô, em vitrines de loja, em bares. Um avião se chocando contra a torre, com uma legenda embaixo (que dizia algo como "avião se choca contra o World Trade Center" - ninguém sabia, ainda, que era um atentado).

 

Marina, minha filha, estudava na Escola Americana de Cingapura, uma pequena ilha multi-étnica e multi-cultural na ponta da península da Malásia, um país muçulmano, pertíssimo da Indonésia, que tem a maior população muçulmana do mundo. Vocês conseguem imaginar o clima na escola nos dias seguintes? Uma mistura de estupefação ("por que eles nos odeiam tanto?"), revolta e medo.

 

Foi muito chocante e muito, muito estranho.

 

(Charlotte Amalie, 11/09/2011)

Despedida de Charlotte Amalie em alto estilo

 

Vou me embora de Charlotte Amalie. Quer dizer: vou pegar um vôo para Miami amanhã à tarde, e de lá, vou para São Paulo na segunda-feira.

 

Renato embarcou hoje, na hora do almoço, para Nova Iorque. Tinha expectativas erradas quanto a viajar de barco: é mais lento e sujeito a imprevistos (de tempo e custo) do que ele esperava. Aproveitei para fazer uma pausa, também. De mais a mais, o guincho de âncora não ficou bom e resolvi trocar o motor. Um novo terá de vir dos Estados Unidos (despachado ou comigo). Vou passar duas semanas no Brasil e matar as saudades da Kátia.

 

Depois de me despedir do Renato, passei boa parte da tarde às voltas com a compra das passagens de St. Thomas para Miami e de Miami para São Paulo.

 

Quando cheguei na marina, já no fim da tarde, tive uma agradabilíssima surpresa. Um palco tinha sido montado num pequeno gramado junto ao mar. Ali, uma banda e uma mulata gordinha, com um lindo sorriso e uma voz deliciosa, apresentavam sucessos da música pop contemporânea e standards do jazz e blues.

 

Não poderia ter despedida melhor. Adeus Charlotte Amalie. Até a volta!

 

(Charlotte Amalie, St. Thomas, USVI, 15/09/2011)

 

Mais uma virgem?

 

Amanhã cedo, pretendo levantar âncora e partir para St. John. É uma travessia muito curta e, espero, muito tranquila. Em breve, vou conhecer uma outra Virgem Americana. 

 

(Charlotte Amalie, 11/09/2011)

Comemorando cada dia

 

Setembro é, historicamente, o mês com maior incidência de furacões no Caribe. Há várias semanas que, além de ouvir a previsão do tempo no rádio todos os dias, entro no site do Hurricane Center sempre que posso (quase todos os dias), para acompanhar as depressões em formação no meio do Atlântico, que podem ou não se transformarem em furacões.

 

Nos últimos dias venho acompanhando a Tropical Depression Fourteen (ainda não foi batizada) que tem 90% de probabilidade de se tornar um furacão. Tudo indica que ela vai passar muito a leste de onde estou e não será uma ameaça.

 

Com isso, um terço do fatídico setembro se foi, sem incidentes até aqui. Que continue assim.

 

(Charlotte Amalie, St. Thomas, 11/09/2011)

 

Salvem as baleias! Mas garantam que as baleeiras funcionem...

 

Hoje cedo, indo com o dingue do Bedouin para a marina vi uma cena curiosa. Um navio de cruzeiro, o Carnival Freedom, está atracado no cais, em frente a nós. Todos os barcos de desembarque de emergência (chamam-se "baleeiras", embora seja improvável que venham a ser usadas para caçar baleias!) estavam na água. Quem não lembra o que é entenderá vendo o filme: são aqueles barcos de fibra de vidro, em geral pintados de laranja, que ficam pendurados ao lado do navio e só vão para a água no caso de um acidente que exija o abandono do navio. Pois bem, todos estavam na água, navegando em círculos, ao lado do navio. Aparentemente um treinamento ou ensaio de abandono. Primeira vez que vejo uma coisa destas!

 

O filme pode ser visto aqui

 

(Charlotte Amalie, St. Thomas, USVI, 11/09/2011)



Vamos a la playa

 

Hoje é domingo. Pegamos um "ônibus" em frente à marina e fomos até Sapphire Beach. Não sei se já contei aqui, mas o transporte público em Charlotte Amalie (que eles chamam de ônibus), são umas caminhonetes cuja caçamba foi substituida por uma estrutura de metal e madeira com cinco bancos que comportam cinco pessoas cada um. Custa de um a dois dólares por passageiro, dependendo da distância percorrida.

 

Sapphire Beach é uma praia na costa leste, que tem uma marina e um hotel. Depois da praia, fomos almoçar em Red Hook, que não fica longe (caminhamos pela estrada até lá).

 

Vejam as fotos aqui

 

(Charlotte Amalie, St. Thomas, USVI, 09/09/2012)

Fotos do mergulho em Capella Island, St. Thomas

 

As fotos podem ser vistas aqui

Será que um dos meus leitores pode me ajudar?

 

Escrevi um email para a Revista Náutica, através do "fale conosco" do website deles, e fui ignorado. Será que alguém tem algum contato na Grupo Um Editora, que publica a revista? Agradeço qualquer ajuda.

 

Viva o Brasil!

 

Neste 7 de setembro, uma única bandeira brasileira tremula em Charlotte Amalie, a capital das Ilhas Virgens Americanas. Ela é pequenininha, mas enfeita, orgulhosa, o estai de boreste do Bedouin.

 

(Charlotte Amalie, St. Thomas, USVI, 7/09/2012)

Não percam o vídeo da tartaruga no cais

 

Ontem fui, com o dingue, até um dos cais onde os navios de cruzeiro atracam (o outro é exatamente em frente à minha ancoragem).

 

Em frente ao Allure of the Seas, um navio enorme, uma tartaruga nadava placidamente. Reparem que dá para ouvir turistas brasileiros falando, ao fundo. Eles estão em toda parte!

 

O vídeo da tartaruga pode ser visto aqui

 

(Charlotte Amalie, 6/09/2012)

Minha primeira palavra em dinamarquês

 

Olhem a foto. Assim são os nomes das ruas, aqui. Já contei que as Ilhas Virgens Americanas eram colônia dinamarquesa, antes de serem vendidas para os Estados Unidos. E que Charlotte Amalie, o nome da cidade onde estou, era uma rainha da Dinamarca. Pois graças a isso, aprendi minha primeira palavra em dinamarquês: gade, que quer dizer "rua".

 

Nesse ritmo, vai demorar um pouco até eu conseguir pedir informação nas ruas de Copenhagen sem apelar para o inglês, mas eu chego lá!

 

(Charlotte Amalie, St. Thomas, USVI, 3/09/2012

New kids on the block

 

Hoje é feriado aqui, Dia do Trabalho. O dia do trabalho é comemorado no dia primeiro de maio em quase todo o mundo, mas nos Estados Unidos é na primeira segunda-feira de setembro. Seja qual for o dia, é sempre celebrado sem trabalho, pelo menos nos lugares que eu conheço.

 

Aproveitamos para mergulhar. Tomamos café da manhã e levantamos âncora rumo a Capella Island, uma pequena ilha com um bonito farolzinho, a umas quatro milhas náuticas de St. Thomas. Quando deixávamos a ancoragem, reconheci um catamaram que não estava por ali até ontem. Era o Rhat Cat, o barco do Richard, que tinha sido nosso vizinho de ancoragem em Luperón, na República Dominicana.

 

Acho que falei dele em um post sobre o borogodó de Luperón (leiam). Ele morava há muitos anos, no seu barco, na República Dominicana, onde foi vítima de um golpista que lhe "vendeu" um terreno que não lhe pertencia. Richard tentou recuperar o dinheiro na Justiça, mas sem sucesso. Ele é um sujeito muito boa praça e me ajudou desde o primeiro minuto em Luperón, quando cheguei só na vela, com o motor superaquecendo e uma pá do gerador de vento quebrou e o guincho de âncora enguiçou, tudo ao mesmo tempo.

 

Richard tem pouco mais de sessenta anos, acho. É casado com uma negra jamaicana que parece bem mais jovem do que ela. Pouco antes de deixarmos Luperón (mas depois que escrevi o post, acho), ele nos contou que a mulher dele está grávida (ele tem dois outros filhos já adultos) e que ele tinha recebido uma oferta de trabalho em St. Thomas e partiria um pouco depois de nós.

 

Pois acabou chegando aqui depois de nós, embora tenhamos passado boas temporadas em Samaná, República Dominicana, e em Ponce, Porto Rico.

 

Amanhã, com o comércio aberto, vou aproveitar para fazer o que Kátia faria, se estivesse aqui: vou até a cidade comprar um presentinho para o neném.

 

(St. Thomas, 3/09/2012)



Fotos!

 

Ontem foi um dia dedicado à solucionar pendências: levamos os cilindros de mergulho para encher, deixei minha bicicleta para consertar, compramos galões de água e diesel para repor os que quebraram (ou perderam-se no mar), troquei o óleo do Bedouin (trabalhinho chato!).

 

Hoje, saímos para fotografar a cidade. Subimos o morro que fica logo atrás da cidade para ter a vista de cima. As fotos estão aqui.

 

(Charlotte Amalie, 2/09/2012)

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Comments

  • Claudia Cappelli (Tuesday, September 11 12 07:14 am EDT)

    Oi Alexandre, as fotos ficaram lindas... estou aqui me atualizando com você pois como você viu no facebook passei uns dias fora e não te visitei. To adorando ler estes 15 dias atrasados!!! Bjs,

  • Angelina (Sunday, September 16 12 05:22 pm EDT)

    Ola Alexandre, li que ocorreram diversos imprevistos. Estou mandando energias positivas para sua viagem e que de tudo certo com o barco.
    =)

  • Fabíola Matos (Sunday, September 16 12 08:10 pm EDT)

    Oi, Alexandre! Parabéns pelo sucesso nos microfones. Rsrs! As fotos estão belíssimas e sua narrativa vira um livro maravilhoso de ler também! Bjos e boa viagem!

  • Salituro (Saturday, September 29 12 06:50 pm EDT)

    Ahhhh! Ouuuuuu baby... voce e o cara!!!

  • Paulo Arruda (Friday, December 14 12 08:14 am EST)

    Oi Alexandre, sou o Paulo, irmão do Roberto q vc citou em seu post de ontem. O Roberto teve q ir a Miami e volta na próxima semana. Nosso barco chama-se Bossa Nova e encontra se ancorado em frente ao
    restaurante onde vc almoçou seu bife.... Q bom q vc voltou, estávamos achando q vc poderia ter desistido (?) ou tido algum problema serio... Abraços,

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Minha carreira no crime

 

Quase pulei a cerca, ontem à noite. Não, não é o que vocês estão pensando.

 

Não pretendia confessar, mas mudei de idéia - acho que devo isso aos meus leitores. Eu, que sempre fui um cumpridor das leis, virei um violador contumaz das regras.

 

Ontem à noite tudo fechou cedo na cidade (perto do cinema ao ar livre onde estávamos). Resolvemos ir a um dos bares atrás do cais dos navios de cruzeiro, que ainda tinham algum movimento. Tínhamos ido à cidade de dingue. Para ir até os bares ou deixávamos o dingue onde estava e caminhávamos uns três quilômetros (e depois teríamos de andar tudo de volta) ou levávamos nosso inflável até mais perto. O problema é que não existe lugar "legal" para atracar o dingue perto do lugar onde íamos. A marina onde deixamos o dingue durante o dia fecha os portões as dez da noite e, como não estamos oficialmente na marina (só ancoramos em frente), não temos chave para entrar. Fui contornando a baía devagar, tentando achar um canto onde pudéssemos parar o dingue. Achei um cais de barco de passeio (de turistas), entre o cais dos navios e a marina. Amarrei o dingue lá e saímos. Entre o cais e a rua, um portão, onde estava escrito "Este portão é fechado à dez da noite". Mas passava um pouco das dez e ainda estava aberto. Falei com o Renato: "A gente corre o risco de ficar preso do lado de fora". Ele respondeu: "Na pior das hipóteses, a gente pula a cerca. Não vai ser a primeira vez...". E, o pior é que é verdade.

 

No estaleiro em Turks and Caicos, quando a gente voltava, à noite, de Grace Bay e não conseguia acordar o segurança, assobiando na cerca, simplesmente nos esgueirávamos por baixo do portão. O segurança não gostava muito, mas, fazer o que?

 

Mas foi em Culebra que eu fiz ainda pior...

 

Na última noite em Culebra, paramos o dingue num bar chamado... Dinghy Dock! O cais para amarrar o dingue fica bem junto das mesas e, junto dele, vivem três tarpões - peixes enormes (o menor não tem menos de setenta centímetros de comprimento), perfeitamente visíveis sob a água transparente. O Dingnhy Dock é um lugar agradável, com uma vista legal da baía e os tarpões circulando na água, mas... não tem wifi! Tomamos uma Medalla lá e fomos até a pizzaria com wifi. Quando voltamos... O Dinghy Dock estava fechado!!! E nosso bote preso lá no cais deles!

 

Eles tem um portão que não tem mais de um metro e setenta de altura. Fácil de pular. Mas o Renato achou arriscado invadir o bar pela rua. "Melhor pular esta cerca do vizinho e entrar pela beira d'água". Sem pensar muito, pulei a cerca e o Renato me seguiu. Um cachorro começou a latir. A luz da casa ainda estava acesa. Desci o quintal rápido, me esgueirando pela sombra até o murinho de pedra que separava o terreno da casa do mar. Através do muro, tentando me desviar de uma planta cheia de espinhos, invadi o bar, peguei o dingue e, sem ligar o motor, voltei para buscar o Renato. O cachorro continuava a se esgoelar. Renato pulou no dingue, liguei o motor e toquei para o Bedouin. Só então me dei conta da idiotice da escolha que tínhamos feito. Ao invés de invadir uma propriedade, tínhamos invadido duas!

 

Mas ontem não foi preciso pular cerca nenhuma. Voltamos antes das onze e o portão ainda estava aberto. Tirando o fato de que não era permitido atracar no cais do barco de turismo, nenhuma regra foi quebrada. E atracar em lugar proibido é uma violação insignificante na nossa carreira de crimes!

 

(Charlotte Amalie, St. Thomas, USVI, 2/09/2012)



Thank you, Lisa!

 

Ontem à noite, andávamos por Charlotte Amalie quando ouvimos o que parecia ser o som de um filme. Seguindo o som, chegamos à uma pracinha, junto ao mar. No centro da praça, tinham montado uma tela inflável e estavam exibindo Rio, o desenho animado do Carlos Saldanha. A uns dez metros da tela, uma barraquinha com comida, mantida em rechaud para permanecer quentinha. Cheguei mais para ver o que era e a senhora que servia me convidou, com um gesto, a me servir. Perguntei quanto era a comida. Ela respondeu: "É de graça. Mas você pode fazer uma doação de campanha para a candidata", e apontou um cartaz com a foto de uma negra jovem e bonita que concorre a senadora pelas Ilhas Virgens. Fiz um pratinho com asinhas de frango com molho barbacue, almôndegas e um pãozinho frito que ele me disse ser uma especialidade local. Perguntei como se chamava o tal pãozinho frito e ela me disse, mas, infelizmente, não consigo lembra o nome.

 

Eu e o Renato sentamos num banquinho da praça, comendo e assistindo as aventuras de Blue, a ararinha azul, pelas ruas do Rio.

 

Pouco depois que a Marina, minha filha, tirou sua carteirinha de mergulhadora, viajamos, só eu e ela, para Bonaire. Numa das noites que passamos lá, nosso hotel organizou um churrasco na praia, montou um telão na areia e projetou um filme sobre um papagaio que falava.

 

O mundo dá voltas estranhas. Uns cinco ou seis anos depois, lá estava eu, junto ao mar, comendo galinha com molho barbacue e assistindo o filme de uma arara num telão ao ar livre, numa ilha do Caribe. Ok, da outra vez era um papagaio, não uma arara... Então, tá combinado, é completamente diferente e não existe coincidência nenhuma.

 

A propósito, não fiz a doação de campanha. Como estrangeiro e não residente, acho melhor não me envolver na política local. Mas agradeço publicamente à Lisa os momentos agradáveis.

 

(Charlotte Amalie, St. Thomas, USVI, 2/092012)



As Virgens Americanas: St. Thomas

 

As Ilhas Virgens Americanas (USVI, na sigla em inglês) foram compradas da Dinamarca em 1916 por vinte e cinco milhões de dólares (que hoje seriam um pouco menos de quinhentos milhões). Na época, ainda durante a Primeira Guerra Mundial, o governo americano avaliava que a posse das ilhas tinha importância estratégica (no sentido militar do termo). É um arquipélago pequeno, composto por três ilhas: St. Thomas, St. John e St. Croix.

 

Chegamos hoje a St. Thomas, depois de deixar Culebra cedo pela manhã e fazer uma travessia tranquila. Ancoramos em frente a Charlotte Amalie, a principal cidade, batizada em homenagem a uma rainha da Dinamarca do século XVII. A cidade é, hoje, um destino de navios de cruzeiro, que despejam mais de um milhão de turistas por ano em suas ruas. É a cidade mais bonitinha onde ancorei neste viagem. A rua paralela à que corre junto ao mar é a do comércio. Uma joalheria atrás da outra. De vez em quando, uma loja de eletrônicos e equipamento fotográfico. St. Thomas é dutie free: os importados não têm impostos. Entre a rua das joalherias e a que margeia a baía (não existe praia, só um cais de ponta a ponta), bequinhos bonitinhos onde não passam carros e as lojas dividem espaço com cafés e restaurantes.

 

Mais, em breve.

 

(St. Thomas, 31/08/2012)